Uma tática inusitada tem sido usada por quadrilhas para legalizar cortes ilegais de ipê, atualmente a árvore mais valiosa da Amazônia. Madeireiros estão utilizando o jarana, espécie de valor bem menor, para funcionar como um ipê imaginário. E é na serraria, que a árvore imaginária se mistura com madeira de origem legal e acaba contaminando toda a cadeia produtiva, chegando aos mercados nacional e internacional.
Essa foi a conclusão de uma investigação conjunta do Greenpeace e IBAMA. O Greenpeace calculou que 76,7% dos inventários para exploração do ipê declararam uma quantidade de árvores até dez vezes superior à densidade da espécie na Amazônia.
Com base nesses inventários superestimados, assinados por engenheiros florestais, a Semas (Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará) concede créditos para o transporte e a comercialização da madeira. São esses créditos inflados que permitem esquentar a madeira extraída ilegalmente de áreas protegidas, segundo o Greenpeace e o Ibama.
Em novembro do ano passado, a ONG e o órgão ambiental fizeram vistorias em seis planos de manejo de forma conjunta e todos foram autuados. Até agora, o Ibama aplicou 22 autos de infração, com multas somadas de R$ 1,5 milhão.
Por causa da dificuldade em separar a madeira legal da ilegal, o relatório do Greenpeace orienta os consumidores a deixar de comprar de madeira vinda da Amazônia brasileira, a não ser que os fornecedores demonstrem a legalidade por meio de auditorias independentes, e não apenas documentos oficiais.
*Informações divulgadas pela Folha de São Paulo