Enquanto o tempo dedicado às brincadeiras ao ar livre diminui ao longo dos anos, aumenta o número de crianças com ansiedade e depressão. Isso ocorre porque a natureza e a livre descoberta desperta em nosso corpo uma série de reações importantes para o desenvolvimento motor, sensoriais e emocionais durante a infância.
Nas primeiras etapas do desenvolvimento, nossa espécie aprende aos poucos a se movimentar de maneira cada vez mais sofisticada, o que significa que aprende a comandar os subsistemas envolvidos nesse movimento: o sensorial, o vestibular, o cognitivo e, obviamente, o emocional. E essa aprendizagem se realiza na infância graças às brincadeiras.
As “aventuras” ao ar livre tem, portanto, função de aprendizagem, que envolve controle dos movimentos, superação do medo, saber esperar o tempo natural das coisas, superar frustrações e respeitar as transformações que não se pode controlar. Os hematomas, cortes e arranhões são consequências, um direito das crianças na hora de aprender. E não só isso: pretender evitá-los a todo custo pode causar déficits cognitivos e emocionais para toda a vida.
Assim, a brincadeira deve ser a principal atividade de uma criança. É importante brincar sozinho – e o cérebro também precisa aprender a se entediar – e, sobretudo, em companhia. Quanto mais heterogêneas forem as idades das crianças que brincam, melhor será para o desenvolvimento das relações pessoais e para a modulação da agressividade e da empatia.
Em contrapartida, um declínio na liberdade das crianças para brincar tem sido responsável por um aumento considerável dos casos de ansiedade, depressão, sentimentos de tristeza, impulsividade e narcisismo entre as crianças, que tem seus instintos de certa forma reprimidos, e despreparados para os desafios da vida.